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Goiânia, 29/05/24
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Crime teria ocorrido devido ao não fornecimento do equipamento de proteção individual (EPI) adequado e obrigatório

Polícia Civil indicia 10 por afogamento de servidor da Saneago no Meia Ponte

13/09/2019, às 00:02 · Por Pedro Lopes

A Polícia Civil de Goiás concluiu que a morte do agente de sistemas Flávio Leonel Moraes, de 36 anos, funcionário da Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) que foi vítima de afogamento em 11 de abril deste ano, na Estação de Captação de Água Fluvial do Rio Meia Ponte, em Goiânia, ocorreu por negligência de seus superiores.

Com isso, foram indiciadas por homicídio culposo dez pessoas que ocupavam funções de chefia imediata ao cargo ocupado pelo empregado na companhia e do núcleo do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa. O funcionário era integrante da equipe de Monitoramento e Medição de Vazão de Córregos da Supervisão de Hidrologia da companhia e morreu quando caiu de uma embarcação no Rio Meia Ponte e submergiu.

A investigação apontou que o crime ocorreu devido ao não fornecimento do equipamento de proteção individual (EPI) adequado e obrigatório, que é o colete salva-vidas, e também pela ausência de treinamento adequado para o uso da embarcação em que Flávio realizava suas atividades. "Os indiciados são pessoas que eram responsáveis pela fiscalização e pela condução das normas para fiscalizar a ausência do EPI adequado", diz o delegado Wellington Lemos, responsável pela investigação, realizada na 22º Delegacia Distrital de Polícia de Goiânia.

Segundo o investigador, diante da ausência de condições adequadas para o desempenho de tais funções, seria necessário que as atividades fossem suspensas de forma imediata, o que não foi feito. Além disso, de acordo com Lemos, o Programa de Prevenção a Riscos Ambientais (PPRA) não previa o risco de afogamento para empregados que monitoravam e mediam córregos. O PPRA é um documento obrigatório que prevê a atividade, o risco decorrente dela e define o EPI adequado para a minimização de tais riscos. 

Durante a apuração, 24 pessoas foram ouvidas e quatro laudos periciais foram emitidos. Entre os indiciados, estão integrantes da chefia imediata do empregado, como o diretor de produção, o superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o gerente de Pesquisa e Monitoramento de Recursos Hídricos e o supervisor de Hidrologia, e integrantes do núcleo do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), como o gerente de Segurança e Medicina do Trabalho (SMT), dois engenheiros de SMT (um da estação de captação Meia Ponte e um da unidade sede) e dois técnicos de SMT (um da estação de captação Meia Ponte e um da sede).

Saneago
Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira, 11, para tratar sobre a vazão do Rio Meia Ponte e o abastecimento de água para a população de Goiânia e da região metropolitana da capital, o presidente da Saneago, Ricardo José Soavinski, afirmou que a companhia ainda não tomou conhecimento sobre a conclusão oficialmente, mas adotará as medidas cabíveis, caso seja assim determinado. "Não recebemos nenhum inquérito até o momento. Fiquei sabendo agora há pouco sobre o caso, então não podemos falar a respeito ainda. Porém, garanto que, caso seja confirmado, tomaremos as devidas medidas necessárias", disse ele.


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