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Senador Jorge Kajuru, em vídeo gravado em frente à sede da Polícia Federal em Brasília

Kajuru oficializa na PF denúncia grave contra Bolsonaro

17/02/2023, às 08:50 · Por Redação

O senador Jorge Kajuru (PSB) oficializou, nesta quinta-feira, 16, denúncia à Polícia Federal sobre suposto esquema de desvio de recursos públicos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por meio de gastos com cartão corporativo. No documento de 50 páginas, o parlamentar aponta contradições principalmente em pagamentos por alimentação e hospedagem.

Para Kajuru, há dúvidas se os produtos e serviços adquiridos realmente foram entregues. “Na linguagem popular, o Executivo poderia ter utilizado ‘notas fiscais frias’”, disse o senador no documento. O principal argumento de Kajuru é que os gastos nas viagens de Bolsonaro pelo país são altos, levando em consideração que os servidores que o acompanhavam também receberam diárias pelos deslocamentos. Esse recurso, em tese, deve ser usado para pagar alimentação e hotel.

A representação do senador à Polícia Federal foi revelada pelo Giro nesta quinta-feira. À reportagem, Kajuru conta que foi recebido em audiência pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, em conversa que durou cerca de 40 minutos. O senador afirma que saiu do encontro com boas expectativas e fez elogios a Andrei, como pela escolha de Marcela Rodrigues de Siqueira Vicente para o cargo de superintendente da Polícia Federal em Goiás. “Essa Polícia Federal não é como a anterior, a do governo Bolsonaro”, declarou o parlamentar.

Na representação, Kajuru argumenta que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República pagou R$ 18 milhões em diárias aos militares que trabalharam na segurança do chefe do Executivo, seus familiares e vice-presidente durante a gestão de Bolsonaro. O levantamento foi feito, segundo o documento, com base em dados do Portal da Transparência. De acordo com a denúncia, a consulta levou à conclusão que cerca de 50 militares acompanhavam Bolsonaro nos deslocamentos.

Ainda, conforme os dados apresentados, Bolsonaro gastou R$ 27.621.657,23 em 4 anos. Quando a despesa é corrigida pela inflação até dezembro de 2022, o total vai a R$ 32.659.369,02. Em sua representação, Kajuru completa que os números divulgados estão incompletos. “Os dados já revelados, todavia, foram suficientes para que jornalistas e profissionais de diversas áreas se debruçassem sobre as informações. Com centenas de pessoas analisando, casos absurdos e escandalosos começaram a surgir em todo o Brasil”, diz trecho.

O senador cita a contratação de uma empresa localizada em Boa Vista, em Roraima, que recebeu R$ 109 mil para supostamente fornecer 654 marmitas e 2.964 lanches à Secretaria Especial de Administração da Presidência da República em 26 de outubro de 2021. Para Kajuru, há a “existência de uma rotina obscura nas contratações realizadas pela Presidência da República” nos anos do governo Bolsonaro. Há registro de ao menos 21 CPFs diferentes tendo feito gastos no cartão do ex-presidente.

A primeira despesa foi realizada em 4 de janeiro de 2019, com uma compra de R$ 303,78 em uma rede de supermercados em Brasília. A última, em 4 de dezembro de 2022, curiosamente, também foi feita no mesmo estabelecimento, ao custo de R$ 54,66. O uso do cartão predominou em gastos com hospedagem, que concentraram 49,5% do total. Das 10 maiores despesas do cartão de Bolsonaro, 9 foram feitas em hotéis do Guarujá, no litoral paulista, que costumava frequentar e tirar foto com apoiadores em períodos de descanso. Em um dos estabelecimentos, o ex-presidente gastou valores próximos a R$ 1,5 milhão.


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