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Agda Cassiara Gonçalves faz o curso na Pontifícia Universidade Católica de Goiás e diz querer ajudar outras pessoas

Justiça concede Fies sem nota mínima para estudante de medicina em Goiás

04/02/2023, às 10:34 · Por Redação

A estudante Agda Cassiara Gonçalves, matriculada no curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica de particular de Goiás (PUC-GO), conseguiu na Justiça Federal o direito de ter acesso ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) mesmo sem ter atingido a nota mínima exigida. Desde 2015, o Fies só é concedido ao aluno que atinge o ponto de corte, calculado com base na média aritmética das maiores notas alcançadas.

Agda Cassiara tem 32 anos e é mãe solo. Ela disse ao jornal O Popular que pretende ajudar outras pessoas e que sonha em dar um futuro melhor para a filha, de 10 anos. Agda destaca que é nordestina, natural do Maranhão, e que mora em Goiânia há dois anos.

Advogado da estudante, Henrique Rodrigues explica que a exigência de nota mínima é inconstitucional. Ele afirma que a decisão liminar favorável para a estudante goiana tem como base o princípio constitucional do não retrocesso social, que determina que, ao permitir o acesso do cidadão a um direito social, o Estado não pode voltar atrás. “Essa exigência foi trazida por uma portaria e não por lei. Por sua vez, a legislação que criou o Fies jamais previu o ponto de corte. Ela exige alguns critérios, como os de renda, mas em momento algum estipulou que o estudante alcançasse determinado ponte de corte”, explica.

A ação foi proposta na Seção Judiciária do Distrito Federal e o advogado alegou que a estudante é de família simples e não tem condições de bancar a mensalidade do curso de Medicina, que ultrapassa os R$ 10 mil. A aluna tentou acesso ao Fies pela via administrativa, mas teve o benefício negado por não ter atingido o ponto de corte, acima de 700 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A respeito do argumento de que o Estado não teria dinheiro para financiar todos os estudantes, Rodrigues explica que isso não condiz com a realidade, já que o Fies não é bolsa, mas sim um financiamento. “O valor que o aluno recebe retorna em forma de pagamento e em conhecimento, que vai ficar dentro do país, gerando empregos e renda. Além disso, quanto mais contratos são feitos, mais o sistema do FIES se sustenta. Isto porque os juros dos novos contratos financiam os antigos”, explica.

De acordo com o desembargador federal Souza Prudente, possibilitar o direito ao financiamento estudantil é assegurar o pleno acesso ao ensino superior, uma garantia fundamental assegurada na Constituição Federal. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

A tese criada pelo escritório Rodrigues e Aquino Advocacia em 2020 rendeu diversas liminares e sentenças favoráveis a estudantes de todo o Brasil. O escritório goiano foi o primeiro do país a obter decisões favoráveis nesse sentido ao sustentar o princípio do não retrocesso social e a ilegalidade da exigência de nota mínima para concessão do Fies.


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