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Após determinação da Justiça, médicos cubanos em Goiás aguardam recontratações; os profissionais que vivem no Estado foram demitidos em 2018 após declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que decidiu revisar as regras do Programa Mais Médicos

Após determinação da Justiça, médicos cubanos em Goiás aguardam recontratações

02/02/2023, às 13:10 · Por Redação

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) autorizou na noite da última sexta-feira, 27, o Governo Federal a recontratar profissionais cubanos para o Programa Mais Médicos. A decisão foi assinada pelo desembargador Carlos Augusto Pires Brandão e o pedido foi apresentado pela Associação Nacional dos Profissionais Médicos Formados em Instituições Estrangeiras e Intercambistas.

A medida terá que ser cumprida pelo Governo Federal, que já havia manifestado interesse de recomeçar o programa, que em 2018, após declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que iria revisar as regras, resultou na demissão de 1.789 cubanos, assim, com a decisão, eles serão recontratados e retornarão ao Brasil. Na ocasião, Bolsonaro chegou a acusar o governo cubano de cometer irresponsabilidade.

Para o desembargador, a liberação da contratação é importante para a saúde pública brasileira, especialmente de regiões de mais difícil acesso, pois uma das características do programa é destinar o efetivo de médicos para áreas mais vulneráveis onde, em via de regra, muito profissional de saúde prefere não trabalhar devido à precariedade, de equipe e insumos.

Para justificar a decisão, o desembargador citou a crise de saúde dos povos yanomamis. ”O Programa Mais Médicos para o Brasil permite implementar ações de saúde pública de combate à crise sanitária que se firmou na região do povo indígena yanomami. Há estado de emergência de saúde pública declarado, decretado por intermédio do Ministério da Saúde”, destacou.

Lançado no governo Dilma Rousseff (PT), o programa causou polêmica em parte da comunidade médica brasileira pela alta contratação de profissionais cubanos. A iniciativa foi desmontada pela gestão de Bolsonaro, que acusava o PT de dar dinheiro a Cuba, classificada por ele de ditadura comunista. Na gestão anterior, o programa deu lugar ao Médicos pelo Brasil.

Como é o caso da médica Julieh Paz Borroto, 46 anos, que vive em Piracanjuba, a 88 km de Goiânia. Ela, conforme o jornal O Popular, trabalhava no município dentro dos termos do 20º ciclo do programa, mas o contrato acabou em 2022. Desde 2020 ela faz tratamento contra um câncer de mama e, entre idas e vindas para o Hospital Araújo Jorge, em Goiânia, montou com o marido brasileiro uma loja de roupas. Não deu certo. O que sobrou de mercadoria, ela tenta vender para manter as contas da casa. Julieh não perde a esperança de retomar as atividades como médica.

“Tive de fazer cirurgia de reconstrução da mama. Se tiver que ir para Roraima, no atendimento aos Yanomami, não tenho condições porque não posso abandonar meu tratamento. Meu desejo é continuar em Piracanjuba, onde fui bem acolhida”, salientou. Julieh Borroto está no Brasil desde 2014 e há três anos não vê os filhos de 10, 19 e 28 anos que ficaram em Cuba. “Não tenho condições financeiras, nem mesmo para fazer o Revalida”, lamenta. Por meio do Revalida, médicos formados fora do Brasil podem validar o diploma para exercer a profissão aqui no País.


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