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Goiânia, 29/05/24
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Foto: Divulgação

A nota dos estudantes ainda lembra, com base em dados do próprio governo federal, que cerca de 80% dos estudantes da UFG são de baixa renda, muitos são oriundos de outros Estados do Brasil

Quase 100 estudantes da UFG ocupam prédio da reitoria em protestos contra cortes de Bolsonaro

06/09/2019, às 00:39 · Por Eduardo Horacio

No início da tarde desta quinta-feira, 5, cerca de 100 estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) ocuparam o prédio da reitoria, no campus Samambaia, em protesto contra cortes na Educação, promovidos pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC). A ocupação, encampada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) trouxe a faixa: “Contra os Cortes! Não é essa a universidade que queremos”.

Durante o protesto estão sendo questionadas as demissões de trabalhadores terceirizados, racionamento de água e energia, inclusive com o desligamento de ar-condicionado. São criticados ainda os cortes de bolsas de Capes e CNPq e a falta de verbas para a realização de atividades práticas que acontecem no local.

A nota também diz que a ocupação é para “se posicionar contra o desmonte protelado da UFG em meio aos retrocessos que a educação pública vem sofrendo de cortes de verbas e ameaça de privatização com o projeto ‘Future-se’ no nosso país. Demissão de trabalhadores terceirizados, racionamento do uso de água e energia (incluindo o desligamento de ar condicionados), corte de bolsas (monitoria, assistência estudantil, etc.) ou atraso no pagamento, falta de verbas para realização de aulas e atividades práticas que envolvem material de laboratório, suspensão do edital de residência médica do Hospital das Clínicas UFG, entre outras. Essa é a atual situação de calamidade da nossa Universidade”.

O DCE lembra que, desde a aprovação da Emenda Constitucional 95, durante o Governo de Michel Temer, a Universidade Pública começou a sentir o impacto orçamentário que começaria a acarretar prejuízos para o desenvolvimento de uma educação pública, gratuita, democrática, autônoma, socialmente referenciada e de qualidade. “Agora, com o Governo Bolsonaro o projeto de desmonte da Universidade fica ainda mais intenso desde as suas declarações mentirosas e vexatórias sobre as Universidades Federais até os cortes de 30% das verbas destinadas as mesmas e dos investimentos em ensino, pesquisa e extensão”, pontua.

“Inimigos”

A nota sobe o tom quando fala do MEC. “Não temos dúvidas de que Bolsonaro e seu atual Ministro da Educação, Abraham Weintraub, são inimigos da educação! Estes, sob um projeto fascista de destruição das riquezas e patrimônios públicos do povo brasileiro e entregá-los a banqueiros e empresários, agora querem acelerar o processo de destruição da Universidade Pública brasileira. Um país sem educação acessível e de qualidade é um país sem soberania nacional e desenvolvimento baseado na ciência e na tecnologia”, critica.

A nota ainda lembra, com base em dados do próprio governo federal, que cerca de 80% dos estudantes da UFG são de baixa renda, muitos são oriundos de outros Estados do Brasil e que ingressaram na Universidade através do programa de cotas e do Sistema de Seleção Unificada (SiSu). A UFG é responsável hoje por formar estudantes da educação básica gratuitamente através do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE), possui o Hospital das Clínicas 100% SUS que realiza atendimentos e procedimentos à população, realiza anualmente mais de 2000 projetos de extensão com a sociedade, desenvolve pesquisas em parceria com mais de 100 países, está entre as 20 melhores universidades do Brasil (RUF 2018 e THE 2018). Essas são algumas das qualidades da nossa Universidade que se encontram ameaçadas com os retrocessos que estão ocorrendo.

Resposta da Reitoria
A reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou nota dizendo que tem empreendido grandes esforços para reverter o bloqueio de recursos financeiros que prejudica o andamento das atividades de todas as instituições federais de ensino superior brasileiras. A situação orçamentária tem sido tratada diretamente pelo reitor Edward Madureira Brasil, que também é vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), junto ao Ministério da Educação (MEC) e ao Congresso Nacional.

A nota ainda diz que “é de extrema importância que toda a comunidade universitária esteja envolvida nesta questão, cobrando do governo federal medidas que garantam a manutenção do ensino superior público, gratuito e de qualidade. Entretanto, a administração superior da UFG considera que a manifestação dos estudantes no prédio da Reitoria não contribui para a busca conjunta de soluções, sobretudo pelo risco de inviabilizar atividades administrativas e acadêmicas e o atendimento de estudantes, professores, técnicos administrativos e da comunidade em geral.”


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