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Goiânia, 10/06/24
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Foto: Ícaro Santos

Os promotores Paulo Penna Prado (MP-GO) e Daniel Martinez (MP-MG) esclareceram ações deflagradas na manhã de ontem

Operação Mercúrio realiza 85 prisões, incluindo 4 da Polícia Civil de Goiás

30/08/2019, às 00:05 · Por Eduardo Horacio

Promotores dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) dos Ministérios Públicos de Minas Gerais – Uberlândia – e de Goiás, apresentaram, em entrevista coletiva na sede do MP-GO, balanço da Operação Mercúrio, deflagrada, em conjunto, pelos Gaecos dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Tocantins, Pernambuco, São Paulo – Franca – e Paraná – Londrina. A operação teve como objeto de investigação uma ramificada organização criminosa que atua no roubo e receptação de caminhões e cargas, em seus diversos núcleos (operacional, jurídico, lavagem de dinheiro, receptação, apoio logístico, empresas fantasmas, entre outros).

As investigações duraram cerca de dez meses e tiveram como origem as Operações Catira e Fideliza, deflagradas pela Polícia Federal em 2015. Os crimes apurados referem-se à atuação do grupo entre os anos de 2014 e 2015. De acordo com o promotor Paulo Eduardo Penna Prado, o Gaeco do MP-GO apoiou o cumprimento da operação em Goiás, tendo envolvido 17 promotores goianos e servidores e contando com o apoio das Polícias Civil e Militar do Estado.

Quatro integrantes da Polícia Civil de Goiás também foram presos durante a Operação Mercúrio, sendo um delegado, um escrivão e dois agentes, que, segundo a Polícia Civil de Goiás, estavam lotados na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar) em 2014, época em que ocorreram os fatos investigados. Os nomes dos quatro não foram revelados.

O promotor de Justiça do Gaeco do MP-MG em Uberlândia, Daniel Martinez, afirma que os policiais civis de Goiás foram presos por recebimento de vantagem indevida durante uma abordagem ocorrida em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital. O promotor garante que há provas de que os integrantes da organização negociaram com os agentes, que tiveram sua identificação confirmada durante as investigações. Ambos foram detidos de forma preventiva. Presos temporariamente, o delegado e o escrivão serão questionados a respeito de um termo, assinado por ambos, que autorizou a restituição de tais bens ao grupo, segundo o promotor.

Dois agentes teriam recebido o valor de R$ 100 mil para restituir aos integrantes do grupo 30 cheques e dois veículos, inclusive um Camaro (modelo da marca Chevrolet), que tinham sido a ele entregues pelo receptador como pagamento por uma carga roubada.

Daniel Martinez esclareceu que foram cumpridos, no total, 40 mandados de prisão preventiva e 45 mandados de prisão temporária. Em Goiás, foram 14 mandados de prisão preventiva, sendo 2 de investigados de outros Estados, mas que estavam em municípios goianos, e 20 de prisão temporária. Restaram quatro mandados a serem cumpridos. 

No Estado de Minas Gerais foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva e 18 de prisão temporária. Nos demais Estados, a operação teve êxito total no cumprimento dos mandados.

A essas prisões somam-se ainda 110 mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos nas cidades de Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Bela Vista de Goiás, Gouvelândia, Inhumas, Itumbiara, Quirinópolis, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Silvânia, Trindade, Vianópolis, Araguari (MG), Iraí de Minas (MG), Patrocínio (MG), Santa Juliana (MG), Uberlândia (MG), Campo Grande (MS), Chapecó (SC), Franca (SP), Belém (PA), Londrina (PR), Olinda (PE), Taipas do Tocantins (TO) e Várzea Grande (MT). Foi determinado o bloqueio bancário de R$ 40 milhões, bem como decretado o sequestro de mais de 200 veículos.

A Operação Mercúrio contou ainda com o apoio da Secretaria da Fazenda de Goiás, Polícia Militar de Minas Gerais, Administração Penitenciária de Minas Gerais (Suape) e do Grupo Especial do Patrimônio Público do MP-MG (GEPP). O nome da operação, segundo a mitologia romana, refere-se a um mensageiro, deus dos transportes, da venda, do comércio, do lucro e dos ladrões.

O esquema
Conforme apontado pelo promotor Daniel Martinez, que coordenou a operação, o grupo atuava com diferentes núcleos de atuação, sendo os principais o Núcleo Operacional, responsável por executar roubos de cargas variadas em rodovias da Região do Triângulo Mineiro e Sul de Goiás; o Núcleo dos Negociadores (Intrujões), aqueles responsáveis por negociar as cargas roubadas com os receptadores, que formavam um terceiro núcleo no esquema. Além destes figuravam ainda os Núcleos de Apoio Logístico, responsável pelo transporte e armazenagem das cargas; o Núcleo da Lavagem de Dinheiro, integrado por lojas de carros de luxo, responsáveis por “esquentar” o dinheiro, e também empresas de fachada, que trocavam as notas originais e faziam as mercadorias transitarem como lícitas. Havia, ainda, o Núcleo Jurídico, responsável por dar suporte legal na prática dos crimes.

De acordo com o promotor, foram registrados pelo menos 70 roubos orquestrados pela quadrilha entre os anos de 2014 e 2015, o que, somados aos cheques apreendidos, carros de luxo e os prejuízos causados aos Fiscos dos Estados de Goiás e Minas Gerais, totalizam aproximadamente R$ 40 milhões em prejuízo, valor que foi bloqueado judicialmente e será eventualmente utilizado na reparação de danos às vítimas. 


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