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Goiânia, 29/05/24
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Assim como outras capitais fizeram, é um pontapé importante de Goiânia para dar fim aos logradouros públicos que celebrem ditadores

Vitória da democracia: Câmara aprova novo texto para que Iris Rezende dê nome à avenida

17/11/2022, às 21:00 · Por Eduardo Horacio

A Câmara de Vereadores de Goiânia aprovou na manhã desta quinta-feira, 17, por 16 votos a 8, em segunda votação, a mudança de nome da Avenida Castelo Branco para Agrovia Iris Rezende Machado. O Projeto de Lei (PL) agora será encaminhado para sanção ou veto do prefeito.

Foi aprovada ainda uma emenda que estabelece o prazo de cinco anos para que os comerciantes façam as modificações necessárias. O vereador Clécio Alves (MDB), autor do PL, presidiu a sessão desta quinta.

A mudança é uma vitória da democracia. Assim como outras capitais fizeram, é um pontapé importante de Goiânia para dar fim aos logradouros públicos que celebrem ditadores. Melhor ainda: vai homenagear alguém que lutou contra a ditadura e é reconhecidamente o construtor de pelo menos dois terços da Goiânia que conhecemos hoje.

A Lei Orgânica de Goiânia é clara e permite a mudança de nome de logradouros que homenageiam ditadores ou pessoas ligadas à ditadura militar no Brasil (de 1964 a 1985). Um dos articuladores do golpe de 64, o general Humberto de Alencar Castello Branco foi o primeiro dos cinco militares a presidir o País naquele período e deu nome à avenida nos anos 70. Antes, o nome era “Avenida Maranhão”.

Propositor da mudança, Clécio Alves afirmou que a mudança é um reconhecimento à luta de Iris pelo restabelecimento da democracia no Brasil. Então prefeito de Goiânia, Iris Rezende teve seu mandato cassado pela ditadura em 1969 e só recuperou seus direitos políticos após 10 anos. 

Idas e vindas
Um outro projeto que determinava a mudança de nome chegou a ser aprovado em dois turnos no início do ano, mas foi vetado pelo prefeito. 

Preso e torturado pelos ditadores, o jornalista Pinheiro Salles escreveu dois artigos em 2020 no jornal O Popular defendendo a mudança de nome em uma das principais avenidas que cortam a Capital para Avenida Iris Rezende Machado. Segundo ele, manter o nome de um ditador “significa uma agressão ao povo goiano”. “Absolutamente nada justificaria a humilhação com um algoz do povo goiano”, acrescentou ele. “Queremos ter a tranquilidade de transitar, estudar e trabalhar na Avenida Iris Rezende Machado. Que os vereadores e vereadoras assumam essa histórica iniciativa”, concluiu Pinheiro Salles, em primeiro artigo publicado em 18 de novembro, nove dias após a morte do ex-governador e ex-prefeito.

O professor Arquidones Bites também escreveu em O Popular a favor da mudança. “Ele lembrou da luta de Iris pela democracia no Brasil e disse que os “autoritarismos, do passado e do presente, muito infelicitaram a vida da população goiana”.

Quem também se manifestou a favor da mudança foi o artista plástico Siron Franco. “Eu já mandei para muita gente, para mais de 2 mil pessoas aqui (o abaixo-assinado) pedindo a troca do nome”, afirmou em áudio que circula no WhatsApp. O advogado Edilberto Dias, ex-procurador de Goiânia e ex-presidente da Comurg, também se manifestou favoravelmente à mudança do nome. 

Representando o PT na Câmara, o vereador Mauro Rubem (futuro deputado estadual) diz que votou novamente a favor da mudança de nome da avenida Castelo Branco para Agrovia Iris Rezende por três motivos: pela homenagem a Iris, porque Castelo Branco foi um ditador, que só prejudicou o país; e porque futuramente os comerciantes entenderão que a mudança será positiva a eles.


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