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Goiânia, 29/05/24
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Notícia-crime faz referência às falas realizadas pela Cássia Kis em uma live; transmissão foi realizada no último dia 21 de outubro

Entidades denunciam à Polícia Civil de Goiás atriz Cassia Kis por comentários homofóbicos

29/10/2022, às 17:03 · Por Redação

As entidades Aliança Nacional LGBTI+ e Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) apresentaram ao Grupo Especializado no atendimento às Vítimas de Racismo e Intolerância em Goiás (Geacri) uma notícia-crime contra a atriz Cássia Kis por possível crime de homotransfobia. O documento entregue à delegacia em Goiânia, nesta sexta-feira, 28, é devido a falas realizadas pela atriz em uma live realizada com a jornalista Neda Nagle, na última semana.

"Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando", declarou a atriz, durante a transmissão. A transmissão ao vivo aconteceu no dia 21 de outubro.

O documento entregue à delegacia de Goiânia é assinado pela advogada goiana e coordenadora das áreas jurídicas das referidas associações, Amanda Souto Baliza. Na transmissão, ela ainda afirmou que a "ideologia de gênero" teria como objetivo "destruir a família".

"O que está por trás disso? Destruir a família. Destruir a vida humana. Porque onde eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer? Se você tem um casal gay é uma coisa, quando eles querem adotar uma criança, mas e quando não tiver mais?", completou Cássia Kis.

A atriz faz parte do elenco da novela das 21h da Globo, "Travessia". Na quinta-feira, 27, a emissora se posicionou sobre os comentários da atriz. "A Globo tem um firme compromisso com a diversidade e a inclusão e repudia qualquer forma de discriminação", afirmou a empresa, em nota.

A notícia-crime apresentada à delegacia localizada em Goiânia pede a instauração de uma investigação contra Cássia e que sejam providências para garantia da cadeia de custodia com preservação do material publicado. O delegado Joaquim Adorno, titular do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância explicou que o documento deve ser analisado até a próxima semana, em prol da possibilidade de abertura ou não de um inquérito.

"Qualquer um que se sentir prejudicado pode apresentar uma notícia-crime e como foi um crime praticado na internet, ele pode ser investigado em qualquer lugar do país", disse o delegado. "Quando você pratica um crime pela internet não há fronteira de consumação e de ofensa", complementou. Além disso, a notícia-crime diz que, em caso de indiciamento, seja encaminhado os autos ao Ministério Público do estado de Goiás com cópia desta notícia crime "para eventual denúncia".

A coordenadora jurídica das associações justificou que as falas podem ser enquadradas na lei de racismo já que atingem toda a coletividade LGBTI+ de forma discriminatória, a inferiorizando, e "criando pânico moral a partir de desinformação capaz de instigar a violência contra esta população já vulnerabilizada". Para ela, isso gera ódio e acaba fazendo com que as pessoas se sintam legitimadas para agir com preconceito. “Precisamos que as autoridades tomem algum tipo de medida", acrescentou.


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