Ataques de Caiado a Marconi não repercutem entre aliados do governador

A ‘briga de rua’ entre o atual governador Ronaldo Caiado (DEM) e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) ganhou novo e barulhento capítulo nos últimos dias. O democrata mantém a metralhadora ligada contra o tucano desde que assumiu o comando do governo de Goiás. Marconi e aliados reagiram. Mas nem secretários nem parlamentares aliados de Caiado ecoam os ataques desferidos por ele.

Com amplo favoritismo verificado desde as primeiras pesquisas, Ronaldo Caiado conduziu sua campanha ao Palácio das Esmeraldas evitando polêmicas. O esperado tom duro contra os governos do PSDB em Goiás deu lugar a um candidato ameno na campanha eleitoral, mais preocupado em administrar sua confortável liderança. Caiado ‘paz e amor’ deu certo e venceu no primeiro turno.

Passada a campanha, no entanto, desde os primeiros dias como governador eleito, Ronaldo Caiado começou a aumentar o tom das críticas contra o que ele considerava desmandos das gestões de Marconi Perillo em Goiás. Antes mesmo de assumir, Caiado afirmava que pegaria um Estado falido. Antes mesmo de assumir, avisou que pagaria a folha de janeiro antes da folha de dezembro, comprando um desgaste imenso. 

Em oito meses como governador, em nenhum momento Ronaldo Caiado diminuiu os ataques a Marconi Perillo. Em cada discurso, em cada entrevista, em cada dificuldade apresentada, o democrata destaca que os governos do PSDB quebraram Goiás.

As críticas do governador de Goiás, entretanto, não ganham força dentro do governo e nem fora dele. Os auxiliares são muito menos eloquentes nos ataques e até evitam comparações com os governos anteriores. Nesse quesito, a quantidade exagerada de auxiliares que Caiado trouxe de outros Estados colabora com essa atitude amena.

Na esfera política, o governador Ronaldo Caiado também não encontra parceiros na desconstrução dos governos de Marconi Perillo. Entre deputados, estaduais e federais, os defensores de Marconi são eloquentes e os de Caiado são tímidos. É possível que Caiado sofra mais ataques do que seu antecessor. A forma fria como Caiado trata agora no governo os aliados de primeira hora (Adib Elias, Paulo do Valle, Renato de Castro, José Nelto, entre outros) também contribui decisivamente para isso. 

Motivos
Há mais motivos pelos quais Caiado luta sozinho para desconstruir os governos de Marconi Perillo. Além da já citada pouca sintonia dos integrantes do primeiro escalão do governo do democrata. Os deputados estão mais ocupados em construir uma relação com o atual governo, o que não tem sido fácil. Se nem uma relação construída eles ainda têm, por que partiriam para agressões ao governo anterior? Não faz sentido. 

Parlamentares federais e estaduais, em sua grande maioria, preferem manter boa relação com o governo e obter cargos e emendas por esse apoio. Ronaldo Caiado, mesmo com longa trajetória no parlamento, apresenta dificuldades em construir uma base sólida. Além disso, é impossível negar que alguns políticos enxergam a possibilidade de um retorno de Marconi Perillo ou de algum aliado dele. Poucos acreditam que o tucano consiga reaver mandato eletivo nos próximos anos mas, em privado, muitos avaliam que um insucesso de Caiado pode reabilitar Marconi antes do esperado. E o chamado marconismo também poderia voltar com outra roupagem e até com outro nome. 

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