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Wendel estava com outras pessoas em Santa Maria quando foi levado em uma viatura com mais dois homens para Novo Gama

PMs goianos são isentados de responder por morte de homem abordado no DF

07/10/2022, às 00:17 · Por Redação

Inquérito da Polícia Militar concluiu que é impossível relacionar qualquer atitude dos agentes de segurança à causa da morte do entregador Wendel Lima Sousa na divisa entre Santa Maria (DF) e Novo Gama (DF). 

Wendel estava com outras pessoas  em Santa Maria quando foi levado em uma viatura com mais dois homens para Novo Gama. A Polícia Civil do DF chegou a investigar a hipótese de tortura, tendo ouvido testemunhas que presenciaram as agressões, porém o inquérito foi remetido ao Judiciário distrital, que considerou ser um caso de crime militar e remeteu o processo para a Justiça Militar de Goiás.

Os depoimentos prestados pela equipe formada pelos sargentos Edir Junior Salviano Reis, de 35 anos, Jefferson Fortunato dos Santos, de 41, Alceu Silva Cruz, de 42, e pelo soldado Marcelo da Silva Serejo, de 36 anos, no momento do registro da morte, e para o inquérito da PM no dia 15 de julho, apresentam várias divergências.

Relatório com o trajeto da viatura no dia da ocorrência, que consta no inquérito da PM, mostra que a abordagem teria ocorrido meia hora antes do informado pelos policiais e no local onde as testemunhas disseram, ou seja, em Santa Maria. Também mostra que eles ficaram parados por cerca de meia hora em um local próximo da abordagem, mas já em Novo Gama, antes de irem para a UPA.

No dia seguinte à morte, a esposa de Wendel procurou o filho dele para dizer que o pai não voltou para casa após ser abordado pela PM. Após fazer buscas em delegacias e unidades de saúde, o conferente de carga Welbert Alves Sousa, de 23 anos, descobriu que o pai estava morto e, após conversar com alguns conhecidos de Wendel, afirmou ter ouvido relatos de agressões e torturas durante a ação policial.

Em interrogatório para o inquérito da PM, quase dois meses depois, os policiais apresentaram uma nova versão para a ocorrência. Desta vez, eles estavam voltando de Valparaíso pela DF-290 e que ao pararem em um ponto de ônibus na rodovia, já perto do supermercado, foram informados por uma mulher de cerca de 40 anos, que pediu para não se identificar, que havia um grupo de homens ali perto provavelmente mexendo com drogas e um deles estaria armado. 

A Polícia Militar de Goiás finalizou o inquérito sem que todos os laudos a respeito da morte de Wendel Lima Sousa estivessem concluídos. O cadavérico, feito pelo Instituto Médico Legal (IML), foi inconclusivo quanto à causa da morte, tendo encontrado sinais de enfarte e um ferimento na cabeça, que segundo o registro, pode ter sido causado durante alguma queda. Em nenhum momento, os policiais relataram que Wendel caiu.

Apesar de testemunhas terem sido ouvidas no 33º DP de Santa Maria (DF), as mesmas não foram localizadas pelos responsáveis pelo inquérito da PM. Apenas o filho de Wendel foi ouvido e, segundo o relatório, teria dito não saber quem são as pessoas que teriam lhe falado sobre abordagem. Também foram ouvidas quatro pessoas que trabalham na região da abordagem, mas no horário específico não se encontravam no local.


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