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Goiânia, 29/05/24
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Foto: Sergio Lima

Enquanto o patrimônio de Nelto só cresceu, os deputados Rubens Otoni e Francisco Júnior declararam queda no patrimônio, de 28% e 10%, respectivamente

Em 4 anos, 8 deputados goianos elevam patrimônio em mais de 50%

18/08/2022, às 19:59 · Por Redação

Oito deputados federais goianos tiveram aumento de mais de 50% do patrimônio nos últimos quatro anos, de acordo com declarações apresentadas à Justiça Eleitoral. O campeão foi José Nelto (PP), com salto de R$ 7,84 milhões em bens em 2018 para R$ 48,5 milhões este ano. O salário atual dos parlamentares é de R$ 33,76 mil. O segundo colocado no ranking da evolução patrimonial é o deputado Glaustin da Fokus (PSC), que passou de R$ 2,2 milhões para R$ 9,77 milhões. Ele e Nelto estão no primeiro mandato na Câmara. Dos 17 parlamentares da bancada goiana, apenas um, José Mario Schreiner (MDB), não disputará as eleições deste ano. Três concorrem em chapas majoritárias: Vitor Hugo (PL) é candidato a governador, e João Campos (Republicanos) e Delegado Waldir Soares (UB) tentam vaga ao Senado.

Considerando a soma dos bens dos 16 parlamentares, o valor foi duplicado de 2018 para agora. Os aumentos individuais variaram de 2% a 518%, enquanto dois deputados registraram redução do patrimônio. Com o acréscimo, Nelto passa bem à frente da deputada mais rica do País, também goiana, Magda Mofatto (PL), que declarou este ano R$ 32 milhões. Na eleição passada, ela tinha R$ 28,1 milhões, conforme dados entregues à Justiça Eleitoral. À reportagem, Nelto ironizou: “Magda me compra um milhão de vezes. Quer dizer, um bilhão de vezes”. Ele afirma que seu patrimônio é resultado de dez empreendimentos imobiliários dos quais é sócio e diz que se “recusa a sonegar impostos”.

O maior aumento do patrimônio do deputado é declarado como terra nua, no valor de R$ 32,87 milhões. Ele diz se tratar de fazenda que comprou no Tocantins, com prazo para quitação em cinco anos. Segundo o parlamentar, parte da fazenda foi paga com R$ 18 milhões em dinheiro que ele já possuía e está detalhado no imposto de renda. Sobre o fato de o valor não aparecer na declaração de 2018, ele afirma que “deve ter se esquecido”. Ele encaminhou à reportagem a declaração do imposto de renda, com 16 páginas.

O restante da diferença Nelto diz que se refere a recursos dos salários de deputado federal e de outros imóveis adquiridos com o dinheiro da atuação na iniciativa privada. Antes da cadeira na Câmara, Nelto teve cinco mandatos na Assembleia Legislativa de Goiás. O deputado Glaustin da Fokus afirmou que o patrimônio é decorrente das sete empresas que possui e que todos os bens são devidamente declarados no imposto de renda. Nos dados entregues à Justiça Eleitoral, o acréscimo refere-se a “crédito decorrente de empréstimo” de R$ 8,76 milhões. Na declaração de 2018, ele tinha também crédito de empréstimo, mas de R$ 80,1 mil.

Os deputados Rubens Otoni (PT) e Francisco Júnior (PSD) declararam queda no patrimônio, de 28% e 10%, respectivamente. O petista é o segundo com menor valor de bens da bancada goiana, com R$ 650 mil. Apenas ele e Elias Vaz (PSB) informam ter menos de R$ 1 milhão. A declaração de Otoni inclui seis terrenos - informados ao valor de R$ 10 mil cada - e uma fazenda, além de dois veículos. Na declaração de 2018, ele havia registrado um terreno de R$ 224,5 mil e uma casa de R$ 350 mil. Agora a casa aparece no valor de R$ 50 mil. Não é possível saber se são os mesmos imóveis.

Isso porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu restringir a divulgação de detalhes do patrimônio, com a justificativa de embasamento na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Entidades como a Transparência Brasil publicaram carta aberta com críticas à restrição, que reduz a transparência sobre os bens. A legislação obriga a apresentação do patrimônio no registro de candidatura, mas não há exigência de que os bens tenham valores atualizados nem que seja apresentada a declaração de IR. A informação sobre o patrimônio serve principalmente para monitorar limites de doações dos candidatos para suas próprias campanhas e também facilitar o controle social sobre a evolução nos bens de quem possui mandato eletivo.


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