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Em nota, PM disse que abriu inquérito para apurar as circunstâncias do fato
Homem morre uma semana após ser baleado por policial durante abordagem, em Goiânia
26/07/2022, às 09:31 · Por Redação
Um homem de 31 anos morreu neste domingo, 24, uma semana após ser baleado durante uma abordagem da Polícia Militar em uma distribuidora de bebidas na Vila Redenção, em Goiânia.
Segundo o G1, A família de David dos Santos Sousa reclama que a ação da PM
foi desproporcional e que “não havia a necessidade” de atirarem contra ele.
Vídeos gravados depois do tiro mostram quando a vítima foi carregada por
pessoas que estavam no local. Assista.
“É muito difícil. A dor é insuportável. Eu acompanhei do
começo ao fim. O tanto que eu clamei para aquele policial não atirar no meu
filho. Ele só estava alcoolizado, não havia necessidade daquele tiro. Ele
atirou para matar”, disse a mãe Maria Irene dos Santos à TV Anhanguera.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que, seguindo a
legislação, abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do fato e que,
assim que for concluído, o processo vai ser encaminhado à Justiça (veja ao
fim do texto a íntegra da nota).
O registro de atendimento policial narra que ao menos dois
PMs atuaram na ocorrência. Eles descreveram que foram acionados após terem a
informação de que David teria agredido a dona de uma distribuidora com socos e
pontapés, quebrado o estabelecimento e ainda ameaçado voltar ao local com uma
faca para matar a mulher, caso ela não vendesse bebida alcoólica para ele.
A dona do comércio relatou à PM que ele estava “bastante
transtornado” e “visivelmente embriagado ou drogado” e que ela estava com medo.
Com isso, os policiais passaram o telefone da viatura a ela, caso David
voltasse ao local. Algum tempo depois, a mulher ligou para a corporação
avisando que o homem estava nas proximidades da distribuidora.
Quando a equipe voltou ao local e viu David, eles
descreveram que verbalizaram para que ele colocasse as mãos na cabeça, mas,
segundo a equipe, ele “não obedeceu em nenhum momento” e “partiu para cima” de
um deles, tentando agredi-lo.
A PM narrou ainda que David “colocava as mãos na cintura”,
como se estivesse escondendo um objeto, e que não deixou os policiais o
revistarem. O boletim da polícia informa ainda que, em determinado momento,
David agrediu um dos PMs com dois tapas no rosto e, novamente, colocou as mãos
na cintura, “parecendo que pegaria um objeto”.
Após isso, um dos policiais disparou um tiro no ombro dele
“para cessar” as agressões. A PM disse que David foi socorrido e levado ao
Hospital Dona Iris, que fica a menos de 10 metros do local, mas que quando o
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local, encaminhou a
vítima ao Hugo para um atendimento especializado.
David passou uma semana internado em uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) do Hugo em estado grave. Segundo um boletim que a família
recebeu, se sobrevivesse, ele tinha grandes chances de perder os movimentos. No
domingo, o hospital confirmou a morte.
Após o socorro médico, a equipe da PM narrou que encontrou
uma faca, que eles acreditam ser de David, nas proximidades do local onde
ocorreu a abordagem.
Suposta agressão
A nota da Polícia Militar disse a informação oficial é que
David agrediu a “companheira” e teria partido para cima dos policiais com uma
faca e que a equipe seguiu o procedimento operacional padrão e agiu de forma
“moderada” para acabar com a agressão.
“Seguindo o procedimento operacional padrão, repeliu a injusta
e iminente agressão, com os meios disponíveis e necessários e de forma
moderada. Infelizmente o autor da agressão contra a sua companheira e bem como
da tentativa de agressão contra os policiais, foi alvejado e foi a óbito no
hospital”, escreveu a nota.
Em resposta ao que disse a nota da PM, a família de David
nega que ele tenha agredido a “companheira”. Os parentes disseram que ele teve
um desentendimento com a dona de uma distribuidora. Isso, segundo a família,
porque ela não quis vender mais bebida alcoólica para ele, que já estava
bêbado.
Os parentes não sabem se a dona do local chegou a ser
agredida, mas afirmaram que, depois da confusão, a comerciante continuou
trabalhando normalmente. Irmã da vítima, Marisa dos Santos disse que o irmão já
tinha se rendido, colocado a mão na parede e que também já tinha sido revistado
pelos policiais.
“Não precisava daquilo tudo. Meu irmão já tinha se rendido,
já tinha colocado a mão na parede, já tinha sido revistado e ele simplesmente
agrediu meu irmão, deu um passo para trás e atirou, quando meu irmão o desafiou
pedindo para atirar nele e ele simplesmente atirou”, disse.
Mãe de David disse que esteve no local e que pediu para que
o policial não atirasse no filho dela. Ela disse que o filho estava bêbado, mas
que não tinha necessidade de atirarem contra ele. Agora, a mãe quer que a
Justiça seja feita.
“Meu filho ia ser julgado se tivesse vivo, então, agora a
vítima é o meu filho. Só quero justiça e nada mais”, desabafou a mãe.
O corpo de David foi enterrado nesta segunda-feira, 25. Ele
deixa dois filhos: um de 2 e outro de 13 anos.
Íntegra da nota da PM
“A informação oficial é que o autor, após agredir a sua
companheira, o que não era a primeira vez, partiu pra cima da equipe policial
que atendia a ocorrência portando uma arma branca ( faca ). E a equipe seguindo
o Procedimento Operacional Padrão, repeliu a injusta e iminente agressão, com
os meios disponíveis e necessários, e de forma moderada. Infelizmente o Autor
da Agressão contra a sua companheira, e bem como da tentativa de agressão
contra os policiais, foi alvejado e infelizmente foi a óbito no hospital.
Conforme a nossa legislação policial militar, foi instaurado o devido Inquérito
Policial Militar para apurar as circunstâncias em que ocorreram o fato, e ao
ser concluído será remetido ao Poder Judiciário a quem caberá decidir sobre a
ação”.
PM Ação Policial