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Goiânia, 29/05/24
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Foto: MPF/GO

A goiana Raquel Dodge, procuradora-geral, mudou de opinião na reunião de ontem e, após o voto do vice-procurador-geral da República, ela mudou de posicionamento e também foi contra a indicação de Ailton Benedito

Indicação do goiano Ailton Benedito para Comissão de Desaparecidos é vetada pelo Conselho Superior do MP

07/08/2019, às 00:39 · Por Eduardo Horacio

Foi vetada, nesta terça-feira, 6 de agosto, a indicação do procurador da República Ailton Benedito, do Ministério Público Federal de Goiás, para a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. O veto foi feito pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), por seis votos a quatro. O colegiado entendeu que não cabe ao governo Jair Bolsonaro fazer a indicação e que o cargo não está vago. O procurador Ivan Marx ainda está ocupando o cargo.

O convite a Ailton partiu de Sérgio Augusto de Queiroz, Secretário Nacional de Proteção Global, que é subordinado à ministra Damares Alves, da pasta de Direitos Humanos e da Mulher. O voto do subprocurador Nicolao Dino foi no sentido de rejeitar o parecer favorável de Maria Caetana Cintra. A maioria do Conselho o seguiu.

A goiana Raquel Dodge, procuradora-geral, foi de um lado a outro. Após o voto do vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, ela mudou de posicionamento e também foi contra a indicação de Ailton Benedito. Em junho, quando começou a discussão, ela se manifestou favorável ao nome de Benedito.

Perfil
Segundo o voto de Mariz Maia, Benedito não tem perfil para representar o Ministério Público Federal em um órgão que tem por objetivo reparar as vítimas da ditadura. Ele “tem o costume de defender o regime militar em suas redes sociais” e dizer que o “nazismo é de esquerda”. Além disso, para Mariz, o MPF deve contemplar alguém que defenda essa premissa. É preciso alguém que use “a linguagem da memória e da verdade para ter reparação”, disse ele.

“Desaparecidos e mortos não são fatos daquele período duro da ditadura apenas. Mortos e desaparecidos doem ainda hoje. Continuam mortos e continuam desaparecidos. E a dor dói em toda a família. Quem é parente ou ligado a mortos e desaparecidos sente, ainda, que é seu dever lutar para que eles possam ter justiça e reparação. A dor dói duramente e ainda agora. É dever de quem sobrevive a um morto e desaparecido fazer sua missão de vida saber o que foi feito pelo restado brasileiro com esse que morreu e desapareceu. Portanto, são mortos insepultos na memória, e isso o Brasil precisa resgatar duramente”, disse Mariz.

Eugênia Augusta Gonzaga, procuradora destituída por Bolsonaro da presidência da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, acompanhou a sessão. Três dos sete integrantes do colegiado foram destituídos na mesma ocasião.


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