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Em pesquisa da UFG, vacina BCG teve ligação com a diminuição de positividade do vírus em profissionais da saúde de Goiânia

Pesquisa da UFG aponta que vacina BCG teve relação com menor quantidade de casos de Covid-19

07/07/2022, às 15:01 · Por Redação

Anterior a vacina específica para Covid-19, especulou-se que a revacinação com a Bacillus Calmette-Guérin (BCG) poderia diminuir a incidência de contaminação pelo coronavírus. A suposição despertou o interesse da Universidade Federal de Goiás (UFG), que em novembro de 2020 passou a selecionar voluntários para a pesquisa. Ao final do estudo foi concluído que a revacinação com a BCG teve ligação com a diminuição de positividade do vírus em profissionais da saúde de Goiânia.

O projeto ficou conhecido como “BCG-COVID19” e foi coordenado pelos professores do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP-UFG), Ana Paula Junqueira Kipnis, André Kipnis e pelo professor da Faculdade de Medicina (FM-UFG) Marcelo Fouad Rabahi. O estudo teve uma duração de menos de dois anos e vai combinar os resultados do ensaio clínico com a Radboud University que inclui: Países Baixos, França, Estados Unidos, Moçambique e Alemanha. 

A utilização da BCG para a prevenção do coronavírus foi colocada em pauta pela capacidade de ativação da Natural Killer (NK), célula que tem a função de identificar corpos estranhos; outras células contaminadas por vírus; e alterações celulares. “Como foi mostrado que as células NK estavam menos ativadas e em menor número nos indivíduos acometidos pela Covid-19 em sua forma grave. A hipótese da pesquisa é que indivíduos que possuíssem células NK previamente ativadas pela vacina BCG poderiam evitar a doença grave e até eliminar mais facilmente a infecção”, afirmou Ana Paula.

Métodos
O estudo clínico foi randomizado (participantes escolhidos de forma aleatória) e recrutou 400 participantes. O principal critério para ser voluntário do estudo era ser profissional da saúde, maior de 18 anos, que fosse exposto ao Sars-COV-2 por pelo menos 8h por semana. A pesquisadora Ana Paula explicou que se tornaram inelegíveis indivíduos que tiveram febre nas 24h anteriores, gestantes e lactantes, com infecção viral, incluindo a Covid-19, doenças imunodepressoras e também vacinação nas quatro semanas anteriores. Os considerados elegíveis para o ensaio clínico realizaram teste sorológico para o coronavírus e hemograma. 

Os 400 voluntários foram divididos em dois grupos: o grupo que foi revacinado com a BCG e o controle. Os dois grupos foram acompanhados por telemedicina por 180 dias. No momento da inclusão dos voluntários no estudo, os pesquisadores coletaram amostras do sangue para estudos imunológicos. Depois de 15 dias da revacinação, foi novamente feita a coleta de sangue para avaliar a ativação de células NK. 

Durante a pesquisa, todos os voluntários que apresentaram sintomas da covid-19 foram testados. Em caso de resultado positivo, os participantes eram divididos nos grupos: assintomático; condição leve; grave; e estado crítico. Essa divisão foi feita para avaliar os efeitos da BCG no grupo revacinado e no grupo controle. Ao final dos 180 dias, todos os agentes de saúde foram testados para o coronavírus novamente.

Ao final da pesquisa, foi descoberto que a BCG não teve o poder de ativação de células NK nos 15-20 dias após a revacinação, como suposto anteriormente. Durante a análise de dados foi confirmado que o grupo revacinado teve uma incidência menor de casos de Covid-19. Ana Paula explicou que apesar de não ter sido capaz de ativar células NK, a vacina BCG interferiu na contaminação com o coronavírus nos voluntários revacinados. Ela explicou que é preciso outros estudos para comprovar a eficácia da vacina. “O próximo passo do estudo é avaliar se a vacina BCG estimulou outras células da resposta imune inata e específica", afirmou a pesquisadora.


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