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Ministério Público de Goiás/Divulgação

"Esses lugares não poderiam ser clínicas de reabilitação", avalia promotor que investiga o caso

Clínicas de reabilitação em Goiás mantinham internos presos em condição insalubre

03/08/2019, às 00:12 · Por Pedro Lopes

Em ação do Ministério Público de Goiás, cinco pessoas donas de três clínicas de tratamento de dependentes químicos foram presas em Cristalina (GO), no Entorno do Distrito Federal. Apesar de estarem registradas como clínicas, os locais na verdade mantinham pessoas em cárcere privado. Ao menos 96 vítimas foram resgatadas. Eram usados cadeados e correntes para amarrem e até doparem algumas das vítimas.

A alimentação e itens de higiene eram abastecidas por familiares. Em alguns casos, as vítimas eram proibidas de verem seus parentes. "A estrutura que encontramos era semelhante a uma prisão" disse ao jornal Diário de Pernambuco o promoor Ramiro Carpenedo Martins Netto, titular da 2ª promotoria de Justiça de Cristalina e responsável pela investigação, que contou com o apoio de médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros.

Mesmo pessoas sem transtorno psíquico ou dependência químico eram mantidas presas. Mais de dois terços dos internos foram internados sem prévia avaliação médica adequada. 

"Esses lugares não poderiam ser clínicas de reabilitação e, se fossem comunidades terapêuticas, teriam de estar com as portas abertas, sem grades, cadeados ou obrigação de esses pacientes estarem ali contra a vontade deles", destacou o promotor. Ainda de acordo com ele, os donos da clínicas se beneficiavam no esquema por meio do saque do benefício previdenciário das vítimas. O pagamento de mensalidade era de R$ 2,5 mil. Há casos de vítimas internadas há mais de quatro anos. 

Agora, os internos estão sendo encaminhados para tratamento adequado após passarem por avaliação médica e psicossocial. A pena para o crime de cárcere privado pode variar de 1a 12 anos, a depender das variáveis.


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