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José Cruz/Agência Brasil

Moro direcionava a prova que almejava: a condenação, em vez do julgamento conforme as provas apuradas, critica Demóstenes

Demóstenes sobre Sérgio Moro: “É um caso perdido para o autoritarismo, não tem solução”

01/08/2019, às 00:00 · Por Pedro Lopes

Em artigo divulgado no portal Poder360, o ex-senador Demóstenes Torres critica a nata jurídica do país e se opõe duramente às orquestras judiciais “viciosas” que mais incendeiam do que apagam o fogo que vem consumindo o Brasil.

Ao criticar os métodos tomados pela Operação Lava Jato com base no conteúdo das mensagens vazadas pelo The Intercept Brasil, Demóstenes reconhece timidamente os bens feitos da operação, mas questiona a que preço, e se de fato foi benéfico no que pese a paralização da economia a partir dos vazamentos bombásticos de uma investigação que, em tese, deveria ser sigilosa. 

“É um caso perdido para o autoritarismo, não tem solução”, diz ele sobre a figura de Sérgio Moro, personagem central de seu artigo e fio condutor de sua ácida crítica à forma como as Leis são cumpridas no Brasil. 

O Ministro da Justiça Sérgio Moro, que esteve e está na mira dos holofotes - por vezes o perseguindo - foi vítima, delegado e juiz numa armadilha que ele mesmo ajudou a construir, sugeriu o ex-senador.

Nas mensagens reveladas pelo vazamento “Moro aparece chefiando a força-tarefa da Lava Jato, dando ordens aos procuradores e direcionando a prova que almejava: a condenação, em vez do julgamento conforme as provas apuradas”, acusa. 

Dado o histórico do ministro, Demóstens sintetiza a figura da Lava Jato centrada no Moro: “Note-se o modus operandi na Lava Jato: lá ele foi delegado, procurador da república e juiz federal, e compare com o que está acontecendo agora, no casos dos hackers: ele é vítima, delegado e juiz”.

Às cegas
Demóstenes assume um tom que pode soar arrogante ao justificar que sua opinião é embasada numa elite intelectual que não vê, ao menos no horizonte próximo, uma saída para o entrave vicioso que cerca o país por duas razões. A primeira está na própria Lei, que é ‘ garantista, é um entrave a qualquer investigação, protege marginais e, consequentemente, não admite diversas alterações necessárias”. E segundo porque os “Congressistas são analfabetos e não têm a mínima noção do que deve ser alterado.”

Ainda no artigo, Demóstenes ironicamente aponta Deltan Dallagnol como empreendedor, em referência às vultosas pompas recebidas por ele ao dar palestras graças à projeção que ganhou com a Lava Jato. A exemplo da feita à Fiec (Federação das Indústrias do Ceará), para a qual ele cobrou, além dos R$30 mil de cachê, passagens e estadia para ele e família no Beach Park. 

O goiano encerra reconhecendo que Moro ainda goza do apoio da maiora da população, mas cita Gustavo Corção para refoçar sua tese: “O fato de um milhão de pessoas participarem dos mesmos vícios não os transforma em virtudes”.



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