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Goiânia, 20/04/24
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Foto: Divulgação

Na mesma entrevista em que fala em respeito, o presidente do Goiás E.C. diz que eram “mulheres bonitas” com a camisa do clube. Ou seja, não vestiram o uniforme por serem torcedoras, mas simplesmente por serem bonitas

Goiás E. C. passa vergonha em torcida com vídeo machista para apresentar uniforme

24/07/2019, às 08:01 · Por Eduardo Horacio

O Goiás Esporte Clube protagonizou polêmica nacional ao postar nas redes sociais um vídeo com as primeiras imagens do novo uniforme do clube. O que deveria ser uma ação positiva do marketing esmeraldino revelou-se uma peça de extremo mau gosto com a exposição de mulheres em poses sensuais.

O vídeo mostra duas mulheres apresentando detalhes da nova camisa do Goiás – agora confeccionada por uma marca própria e que será lançada nesta quarta-feira, 24. O uniforme, porém, ficou completamente em segundo plano em imagens que revelam os lábios, cabelos e silhuetas de duas modelos.

Menos de um mês após o fim da Copa do Mundo de Futebol feminino, o debate sobre a participação da mulher, dentro e fora dos campos, esteve e permanece na ordem do dia. O futebol praticado por elas ganharam mais espaço, maior audiência e, com isso, elas reivindicaram mais investimentos e maior reconhecimento. Nas arquibancadas, as mulheres também ocupam cada vez mais espaço nas torcidas dos principais clubes. 

Ao renegar o valor de suas torcedoras reduzindo-as a um ensaio sensual com a camisa do clube, o Goiás deu passos na contramão do atual empoderamento das mulheres – por isso a enorme repercussão negativa. Ações como a adotada pelo Goiás reforçam o machismo ao qual as mulheres sempre foram vítimas ao frequentar estádios e campos de futebol.

Se a ideia do Goiás E.C era valorizar suas torcedoras, poderia bolar uma campanha publicitária para promover o time de futebol feminino, pouco conhecido dos torcedores e torcedoras. Ou ainda um filme que representasse de fato a dimensão de sua torcida feminina. Que valorize a paixão delas, e não que as vejam apenas como objetos sexuais.

Por fim, uma entidade que mobiliza milhares de pessoas (mulheres de todas as cores, de todos os credos, de todas as classes), movidas apenas pela paixão, tem a responsabilidade de se posicionar de forma a contemplar essa coletividade, e não agir de forma preconceituosa, ultrapassada e pouco inteligente.

Reação
Se criou polêmica e foi muito criticada pela produção de um vídeo que mais parecia um ensaio de cunho sexual do que a apresentação de um uniforme, a direção do Goiás Esporte Clube não se deu por vencida. Em entrevistas, o presidente do clube, Marcelo Almeida, afirmou que as críticas sofridas eram “maldade” e “falso puritanismo”.

“O vídeo mostra nossa camisa sendo vestida por duas mulheres bonitas, não tem nada de sexismo ou machismo. Mulher merece respeito, e sabemos disso. Foi muita maldade, inveja por parte das pessoas”, rebateu o presidente do Goiás.

O discurso do presidente do Goiás reforça que o vídeo não é mera atitude isolada. Na mesma entrevista em que fala em respeito, Marcelo diz que eram “mulheres bonitas” com a camisa do clube. Ou seja, não vestiram o uniforme por serem torcedoras, mas simplesmente por serem bonitas.

Ao comentar o vídeo produzido pelo Goiás no Twitter, a apresentadora dos canais ESPN Marcela Rafael deu ao clube goiano um rápido e pertinente conselho: “Vocês podem mais do que isso... Melhorem!”


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