Só a teimosia de Caiado (e não a dívida de R$ 1,5 milhão) explica a não-realização do Fica

O Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) de 2019 segue sem data prevista para realização na Cidade de Goiás. Com realização geralmente no mês de junho, por conta da semana do meio ambiente, a posição oficial do governo Ronaldo Caiado (DEM) é que o evento cultural depende do pagamento de uma dívida da gestão passada, estimada em R$ 1,5 milhão, para que uma nova edição seja realizada.

Sim, a própria Secretaria de Cultura de Goiás (Secult) admite que esse valor de R$ 1,5 milhão é o problema. Ou seja, falando francamente, a questão não é dinheiro. O Diário Oficial vive mostrando que o Estado gasta R$ 1,5 milhão com coisas até menos relevantes do que a realização do importante festival. Para citar um único exemplo, dia 15 de julho de 2019 o Diário Oficial publicou gasto de exatamente R$ 1,5 milhão para manutenção e conservação do Palácio Pedro Ludovico Teixeira. E outros gastos similares – e bem mais supérfluos – são uma constante no governo, ainda que bem menos do que nos quatro mandatos de Marconi Perillo (PSDB).

Há, ainda, vários especialistas em gestão pública que dizem que uma edição do Fica pode ser realizada independente da dívida da edição anterior. Já aconteceu assim no passado. Ou seja: não é prioridade de Caiado, nem de longe, a realização do Festival. Se fosse prioridade, isso seria resolvido em um dia – tanto o pagamento da dívida como o orçamento do festival deste ano. Já foram simulados orçamentos mostrando que cerca de R$ 1 milhão seria suficiente para fazer o Fica de 2019, um terço do que se gastou em 2018.

Em nota, a Secult segue no samba de uma nota só e aponta que “a realização do festival depende de definições, inclusive legais, em relação, por exemplo, ao pagamento de valores anteriores deixados em aberto pelo governo passado”. Na dívida de R$ 1,5 milhão, estão R$ 280 mil em premiações.

O governador Ronaldo Caiado, portanto, segue sem interesse em realizar o Fica. A visão de gente perto dele é que, quanto mais isso for protelado, mais ele consegue desgastar o governo anterior. Um dia Caiado vai perceber que o governo anterior já foi desgastado ao máximo (por isso Marconi Perillo só teve 7,5% dos votos para o Senado) e que suas ações atuais de governo só desgastam a si próprio. 

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