P U B L I C I D A D E
Poder Goiás

Goiânia, 28/03/24
Matérias
Foto: Reprodução/Intercept

Diante dos políticos delatados, Moro sugeriu que a força-tarefa cuidasse de divulgar os casos aos poucos o que, indiretamente, beneficiou Marconi e Alckmin

Novas conversas mostram que processos contra Marconi e Alckmin, entre outros, foram adiados por sugestão de Sergio Moro

14/06/2019, às 01:01 · Por Eduardo Horacio

Os novos diálogos pelo Telegram entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol, revelados pelo site Intercept na noite de quarta-feira, reforçam que o ex-juiz Sergio Moro auxiliou o Ministério Público Federal sugerindo estratégias para os processos envolvendo o pacote de delações da Odebrecht – que incluía o então governador Marconi Perillo (PSDB). 

No dia 21 de junho de 2016, quando Marconi ainda era governador, Dallagnol enviou a Moro uma mensagem com o balanço da negociação da delação com executivos da Odebrecht, indicando o nome de vários políticos implicados – de Dilma Rousseff a Eduardo Cunha, passando por Marconi Perillo, Gilberto Kassab, Geraldo Alckmin e Antonio Palocci. 

Diante dos políticos delatados, Moro sugeriu que a força-tarefa cuidasse de divulgar os casos aos poucos o que, indiretamente, beneficiou Marconi e Alckmin, entre outros. “Reservadamente. Acredito que a revelação dos fatos e abertura dos processos deveria ser paulatina para evitar um abrupto pereat mundus (Que o mundo pereça, mas faça-se a justiça, em latim). Abertura paulatina segundo gravidade e qualidade da prova.”

Meses depois, Moro escreve a Dallagnol: “Opinião: melhor ficar com os 30 por cento iniciais [‘claramente propina’]. Muitos inimigos e que transcendem a capacidade institucional do MP e Judiciário”. 

Diferente de Marconi e Alckmin, Palocci virou prioridade da lista e viria a ser preso, condenado e transformado em candidato a delator, anos depois. Naquele mesmo junho de 2016, conforme notou Luís Nassif, a Folha de S. Paulo soltou uma matéria com a seguinte manchete: “Em delação, Marcelo Odebrecht admitirá elo com repasses para Dilma”. A reportagem informava que o processo de delação ainda estava em andamento.

Tacla Duran
Os esforços para prender Tacla Duran marcaram o início da colaboração dos Estados Unidos com a Lava Jato. A conclusão pode ser feita após cruzar as mensagens divulgadas pelo The Intercept com as decisões do ex-juiz Sergio Moro no ano de 2016. Em 5 de julho de 2016, Sergio Moro determinou buscas e apreensões para coletar provas sobre lavagem de dinheiro por Tacla Duran e Adir Assad. Em determinado trecho do documento, Moro destaca a importância de determinar prisão cautelar contra Duran: “Relativamente à Rodrigo Tacla Duran, há um risco adicional à aplicação da lei penal, pois possui dupla cidadania, brasileira e espanhola, o que lhe facilitará eventual refúgio no exterior, onde ainda poderá fruir do produto do crime, já que suas contas no exterior não tiveram os saldos bloqueados e confiscados.”

Conforme também notou Luís Nassif, naquele mês de julho, não se sabia que o advogado estava nos Estados Unidos. A Operação foi chamada de “Dragão” e ocorreu justamente para coletar mais informações e o paradeiro dos investigados. Com os mandados de busca e apreensão lançados, a Lava Jato soube nos dias seguintes que Duran se encontrava nos EUA.


Intercept Sergio Moro Deltan Dallagnol Marconi Perillo Geraldo Alckmin Luís Nassif Tacla Duran
P U B L I C I D A D E