Paraná Pesquisas revela mais pelas perguntas que não faz sobre gestão Caiado

A realização de pesquisas para consumo interno de governos é hoje um instrumento corriqueiro para avaliação de medidas, mensuração de possíveis desgastes e modulação de discursos. É, portanto, comum que gestores contratem levantamentos com frequência. No entanto, se for realizada de forma equivocada, uma pesquisa potencializa mais os problemas do que soluções. Ou seja, alimenta ilusões. 

Quem analisa com atenção dos dados divulgados da Paraná Pesquisas sobre a avaliação dos cem primeiros dias da administração do governador Ronaldo Caiado (DEM) ficará mais impactado com as perguntas do que com as respostas encontradas pelo levantamento. Claramente, a pesquisa buscou comprovar as teses adotadas pelo inicio da gestão do democrata.

“A situação financeira do Estado de Goiás é grave porque as gestões deixaram grande ‘buraco’ nas contas públicas?” Essa questão cobrava uma resposta simples: concorda ou discorda. De tão óbvia a pergunta, chega a ser surpreendente que 14,6% dos entrevistados não disseram ‘amém’ ao discurso preferencial de Caiado.

Na sequência, o levantamento abordou diretamente o eleitor sobre o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Questionou sobre a veracidade das denúncias que levaram o tucano e alguns de seus auxiliares à prisão. Como numa prova de V ou F, os entrevistados registraram 87,4% como ‘verdadeiras’ as denúncias, mas para 6,3% elas eram ‘falsas’.

Para perguntas até constrangedoras, de tão óbvias, respostas absolutamente mais que esperadas. Ou seja, desperdício de tempo do entrevistador e, sobretudo, do entrevistado. A depender da pesquisa, Caiado continua em palanque, atacando adversários e deixando de apontar caminhos para a solução dos muitos problemas herdados.

Ainda que a intenção fosse reforçar o discurso do governador, o levantamento ao menos poderia ter de fato colaborado se na sequência tivesse questionado o eleitor se Caiado deveria abandonar o retrovisor e olhar adiante. Ou ainda se os problemas deixados por Marconi pertencem hoje ao Judiciário ou devem permanecer nos discursos do atual governador.

Pesquisas costumam ser excelentes instrumentos para ajudar governos encalacrados em situações complexas e de resolução difíceis. Quando usadas apenas para reforçar o que pensa quem a contratou, em geral, não terão efeito. No caso da Paraná Pesquisas, se Caiado for levá-la adiante, manterá seu discurso mais que esgotado e seu governo paralisado.

O relatório da Paraná Pesquisas pode ser lido na íntegra clicando aqui. 

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