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Goiânia, 15/05/24
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É possível que depois de perder muito capital político e apanhar bastante, Caiado flexibilize um pouco o personagem que construiu

Caiado deveria flexibilizar o personagem ‘macho jurubeba’ que adota há mais de 30 anos

12/04/2019, às 00:08 · Por Eduardo Horacio

Quem convive com a pessoa Ronaldo Caiado, sem holofotes, no cotidiano, garante que ele é simples, um ser humano que não teme pedir desculpas e nem recuar. O político Ronaldo Caiado (DEM), antes congressista e, hoje, governador de Goiás, no entanto, tem a imagem oposta, de machão e pai à moda antiga: não mostra fraquezas, não pede desculpas, não recua, tenta se mostrar infalível e turrão. Se o político Caiado pegasse emprestadas algumas das características da vida pessoal, certamente sairia ganhando. 

Exemplo: o erro de não pagar a folha salarial do servidor público de dezembro, pagando primeiro as de janeiro e fevereiro, desrespeitando a ordem cronológica, poderia ser facilmente desfeito se Caiado se arrependesse e recuasse. O gesto não seria mal visto pela população. Pelo contrário, seria percebido como uma correção de rumo. Caiado seria admirado como um governador permeável a críticas - o que hoje não parece ser. 

O erro de desligar os radares móveis das rodovias, da mesma forma. Basta pegar os números de acidentes antes e depois do desligamento dos radares móveis. O governo tem esses números e sabe que os acidentes aumentaram depois do fim dos radares móveis. Um recuo neste caso também não seria mal recebido. Idem para o termo “compliance”, tão usado nesse governo, usado até mesmo para nomear um programa de combate à corrupção. Se Caiado recuasse e desistisse do estrangeirismo  emprestado do mundo corporativo, mais goianos entenderiam o seu conteúdo (o que de fato importa).

O mesmo vale para a relação com os deputados estaduais, desde a ida dele à Assembleia, em janeiro, quando cavou a derrota de seu candidato na eleição da mesa diretora, até recentemente, quando deixou de convidar três deputados estaduais da base para um jantar no Palácio por estar magoado com eles. Um telefonema de recuo ou pedido de desculpas resolveria boa parte do problema, mas Caiado preferiu manter a máscara de personagem infalível, que nunca volta atrás. 

É possível que, na marra, depois de perder muito capital político e apanhar bastante, como todo governo apanha, Caiado flexibilize um pouco o personagem que construiu desde que apareceu no cenário nacional nos anos 80, como líder da UDR. Nenhum político deveria ser refém de si mesmo. Menos ainda quando isso só faz mal à sua própria imagem. 


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